VINHA, Telma Pileggi. O Educador e a Moralidade Infantil:uma visão construtivista . Campinas . Mercado das Letras ; São Paulo : 2000.
SOBRE O NOSSO OLHAR PARA COM A CRIANÇA.
De La Taille nos coloca a seguinte reflexão: “ Que imagem de si, que desprezos, que elogios, que olhar nós temos em relação às nossas crianças e aos nossos alunos?”. ..
Continuando o texto...
“...A associação entre moralidade e imagem de si, ou melhor, entre moralidade e dignidade, não é natural ou inata; mas sim fruto de uma interação social que permite essa associação. Todavia, dependendo da cultura, do ambiente em que a criança vive, pode ser que essa associação não ocorra, não se dê, pode ser que a associação com imagem positiva aconteça com outros conteúdos não morais. Por isso os educadores precisam preocupar-se seriamente com a qualidade e a riqueza do ambiente que está sendo proporcionado para as crianças, a linguagem, as relações estabelecidas, as atividades propostas...Mas também é necessário prestar atenção a “uma outra dimensão dessa interação com os pequenos, que é a dimensão do nosso olhar, como olhamos para essas crianças?” De La Taille considera que o olhar do educador, admirado e respeitado pela criança, é extremamente importante para a constituição da sua identidade e notadamente da dimensão moral dessa identidade. Assim sendo, precisamos refletir seriamente sobre o que o nosso olhar contempla.” (VINHA, 2000, pág. 152)
SOBRE O RESPEITO MÚTUO
"É fundamental, para construir-se uma atmosfera de cooperação em sala de aula, que o ambiente escolar seja propício. Para tanto, o respeito mútuo constituirá o fundamento da relação professor-aluno. Um dos princípios da educação construtivista é haver na classe uma atmosfera sociomoral, na qual o respeito pelos outros é continuamente cultivado e praticado. Nesse ambiente os indivíduos interagem, respeitando-se reciprocamente como pessoas iguais. Tanto entre as crianças, como com relação ao professor e o aluno. É claro que não se pode esperar que a criança pequena se relacione com o professor de igual para igual, pois como foi visto, ela ainda é heterônoma , nutrindo pelo adulto um respeito todo unilateral. Enquanto pequena a criança é incapaz de vê-lo como a um igual, portanto a relação com o adulto será sempre assimétrica. Porém isso não o impede de tratá-la num mesmo plano, de relacionar-se com ela respeitando-a, isto é, dedicando-lhe a mesma consideração ou acolhimento que o educador gostaria de receber, apesar de a criança ter características próprias da fase de desenvolvimento em que se encontra (diferentes das dos adultos), características essas que precisam ser conhecidas, respeitadas e estimuladas. O adulto demonstra o respeito à criança, quando por exemplo, consulta o grupo antes de tomar determinadas decisões, justifica o porquê de suas atitudes, diz como se sente diante de uma situação específica, ouve o que as crianças têm a dizer e considera as suas ideias, procura colocar-se no lugar delas, auxilia como interlocutor, mas não resolve os problemas para elas, permite que tomem pequenas decisões, procura colocar-se no mesmo nível que as crianças, não aceita privilégios por ser o professor ("furar a fila", não auxiliar na limpeza da classe, falar alto, sentar-se na cadeira enquanto as crianças sentam-se no chão, etc.), sendo que essas são apenas algumas situações. As regras da classe e da escola valem para todos, principalmente para o professor que deve dar o exemplo .” (VINHA, 2000, PÁG.160.)
Estes textos são fundamentais para que tenhamos consciência de nosso papel enquanto educadores, formadores. Precisamos com urgência rever nossas posturas diante de nossos alunos e nos perguntarmos, realmente, que ser humanos desejamos ajudar a formar?
ResponderExcluirMuito bom poder ler este trecho e comprovar aquilo que acredito!
ResponderExcluirEstar com os pequenos pode ser um momento de aprendizado...
Oxalá possamos aprender com eles e estarmos dispostos a respeitá-los
e sermos respeitados...